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Frei Carlos com noviços capuchinhos, no México |
No mesmo final de semana em que me casei, meu amigo frei Carlos iniciava seu noviciado no Convento Sagrado Coração de Jesus, em Piracicaba. Um ano de experiência intensa de iniciação à vida religiosa na ordem dos frades menores.
Um ano depois, dia 10 de janeiro de 1988, uma semana antes de meu primeiro aniversário de casamento, frei Carlos concluía seu noviciado e fazia seus votos temporários de pobreza, obediência e castidade.
Chegamos ao Convento naquele domingo de manhã quando a missa já tinha começado. Os novos freis já estavam todos no presbitério ostentando o singelo hábito marrom. A Marilda nunca tinha visto o Carlos, mas quando bateu o olho naqueles jovens que rodeavam o altar não teve dúvidas, apontou-o e entre lágrimas de emoção me disse: é ele!
Nascia ali uma amizade inexplicável. Uma amizade que parecia (e ainda parece) existir desde sempre. Nossos encontros se intensificaram. Íamos sempre a Nova Veneza e depois a Piracicaba e o Carlos passava sempre em nossa casa. Estreitamos os laços de amizade e de fraternidade.
Em 12 de outubro de 1991, na comemoração da padroeira do Brasil, frei Carlos fez sua profissão perpétua numa celebração recheada de muita emoção. No interrogatório das intenções do novo frade, o provincial da época, frei Ismael Martignago, deixando de lado o “script”, dirigia perguntas capciosas que induziam a uma (con)fusão da vida religiosa com militância político-social. Iluminado pelo Espírito, Carlos respondia a cada questão de forma simples e direta e… cantando. Inesquecível.
Jovem e jovial, aos 29 anos, já demonstrava uma fé madura comprometida, uma convicção pura e contagiante de sua vocação, uma paixão louca pelo carisma franciscano e, portanto, evangélico.
Frei Carlos foi ordenado padre, trabalhou na promoção vocacional dos freis capuchinhos e abraçou as missões populares, um jeito novo de evangelizar no mundo de hoje, “no meio do povo e com o povo e a partir de sua realidade, de seus anseios e clamores”. A missão o conduziu a viver o carisma franciscano no México, onde aparece nesta foto entre noviços capuchinhos.
Entre uma missão e outra sempre reservou um tempo para passar por Nova Odessa ou Penápolis, para um bate-papo, um abraço, amenizar a saudade. E para celebrar o Batismo de nossos três filhos: Francisco, Pedro (do qual é padrinho) e João Carlos.
Amizade é assim: apenas existe e não se explica.
(Publicado originalmente no Facebook em 03/05/2012)
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