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Dr. Décio com nosso primogênito |
Assim o dr. Décio começou seu prognóstico, sinalizando que algo de muito grave poderia estar acontecendo. Há vários dias a Marilda vinha se queixando de dores no baixo ventre. O médico do Hospital de Nova Odessa suspeitara de infecção na bexiga e pedira exames. Os dias foram passando e as dores piorando, até que um dia a Marilda "travou" na sala de aula e chegou se arrastando em casa.
Passamos pelo Hospital, pegamos os exames e seguimos para Americana. No Hospital Samam, o clínico geral analisou os exames e garantiu que não havia qualquer infecção. Encaminhou para o ginecologista, com urgência. A Marilda preferia passar por uma médica, mas a atendente informou que apenas o dr. Décio estava atendendo naquela tarde.
Ele nos recebeu com a sua calma e serenidade que se revelariam habituais, ao menos com suas pacientes. Examinou, procedeu uma pequena anamnese e, então, prognosticou: "Deus queira que eu esteja errado, mas tudo indica que é uma gravidez ectópica".
Nem sabíamos o que era ectópica. Mas ele explicou, sempre sereno, que era uma gravidez onde o embrião se implanta nas trompas e aí se desenvolve o feto. Com algumas semanas, sem o espaço e a elasticidade do útero, o feto comprime as paredes da trompa e causa fortes cólicas e sagramento.
Não havia tempo a perder. Fomos direto para o Hospital Municipal de Americana, onde a Marilda ficou internada, em observação e realizando exames complementares para confirmar ou não as suspeitas do jovem médico. Ficou chorando, cheia de medo e insegurança, quando fui para casa buscar roupas para passarmos a noite no hospital.
Na manhã seguinte o exame confirmou: gravidez! Uma ambulância a levou ao Hospital São Francisco para uma ultrassonografia que referendou o prognóstico do dr. Décio. A gravidez era realmente ectópica, na trompa direita.
O risco era iminente. Se houvesse o rompimento da trompa resultaria numa hemorragia interna que poderia ser fatal. Naquele mesmo dia a Marilda passou por cirurgia. Perdemos aquele feto, a Marilda perdeu a trompa e teve reduzida em 50% a chance de uma nova gravidez. A intervenção cirúrgica, porém, foi perfeita.
Passamos a nutrir uma admiração e um respeito muito grandes pelo dr. Décio, não só pela sua competência técnica, mas sobretudo pelo atendimento humano. O tempo nos revelou que essa impressão inicial era acertada.
Ouvi do dr. Décio outras duas vezes a frase "Queira Deus que eu esteja errado", seguida de prognósticos nada favoráveis. Nas duas ocasiões estava certo. Nas duas vezes reforçou em nós a confiança em sua competência profissional, intervindo de maneira rápida, firme e eficiente.
(Publicado originalmente no Facebook em 20/06/2012)
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