sábado, 7 de maio de 2016

Irresponsável

Marilda Martins
A banca do Berreco, na rua Ramalho Franco, era ponto obrigatório para todos que gostavam de discutir a política local ou nacional. Por ali passavam diariamente o Locão, Joel, Joaoluis Santos, Antonio Carlos, Aderbal, Café e muitos outras figuras. 

E foi assim, passando pela banca para comprar jornal ou algum exemplar da coleção Primeiros Passos, que acabei amigo do Berreco e ele acabou compondo a chapa que montamos para conquistar o Diretório Acadêmico da Funepe. 

Foi da cabeça do Berreco que saíram algumas ideias para nossa atuação no D.A., como o Festival de MPB que realizamos no Ginásio de Esportes e que teve João Ramalho como vencedor, com a música Lua Bailarina. 

Foi também do Berreco a ideia de fazermos um jornalzinho, abrindo espaço para a livre manifestação dos estudantes. Abracei a ideia e liguei para o Pedro Campos, então proprietário do Jornal Interior. Combinei de passar na sede do jornal, que naquela época funcionava ali no comecinho da Rua Dr. Mário Sabino, em frente à Skineve. O Pedro gostou da idéia e pediu que eu passasse pelo jornal para combinarmos tudo e assinarmos um contrato. 

Aproveitei uma das saídas minhas da Jojoca Autopeças para fazer cobranças e passei no jornal. Fui atendido pela moça aí da foto, linda por sinal. Pedi para falar com o Pedro e ela questionou quem deveria anunciar e o assunto. 

"Sou o João, do Diretório Acadêmico da Funepe e vim para assinar um contrato", respondi. 

A moça, então, me olhou de alto a baixo e me disse na lata: "acho que o Pedro quer alguém mais responsável para assinar o contrato". 

O Pedro, que tudo ouvia da sala ao lado apressou-se a me receber e desfazer o "mal-entendido". Assinamos o contrato e o jornalzinho foi publicado. Apesar disso, não pude deixar de considerar arrogância a atitude daquela moça que, na primeira vez que viu, me chamou de irresponsável. 

Quis o destino que ela se tornasse minha melhor amiga, que eu fosse seu confidente, que nos apaixonássemos e que chegássemos em janeiro passado (2012) aos 25 anos de vida conjugal. E muito felizes, eu com minha irresponsabilidade e ela com a arrogância. 

Claro que isso não passou de primeira e falsa impressão, que não ficou. Só o que permaneceu nesse tempo todo foi nosso imenso amor que possibilitou superarmos muitas dificuldades e que gerou muitos casos que vou contar aqui.

(Publicado originalmente no Facebook em 10/02/12)

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