![]() |
Foi a Juliana que me aproximou da Marilda |
O fato é que amei essa menina desde o momento que soube de sua concepção. E ao vê-la, de repente, sem o pai... Não passava um dia sequer sem lembrar-me dela, da dificuldade de crescer sem a figura paterna.
Olhava meus sobrinhos e via a Juliana. Sentia-a como uma verdadeira filha, embora estivesse distante e sem condições de acompanhar sua vida diária e seu crescimento físico, intelectual, afetivo e espiritual. Por força das circunstâncias, me considerava um padrinho omisso e relapso.
Tinha que me contentar com as novidades que a Marilda me contava nas cartas: o primeiro passinho, a primeira palavra... E ficava arrasado quando as notícias não eram agradáveis: as doenças, a ameaça de lhe tirarem a filha...
Por isso, sempre que podia viajava a Penápolis para passar um tempo com a Ju e a Marilda, mesmo que fossem poucas horas. No seu primeiro aninho, em abril de 1986, passei o dia todo ajudando a Marilda e a tia Marina nos preparativos para a festa. E senti um orgulho muito grande ao ver a alegria de todos os convidados, familiares e amigos, na hora do parabéns. Era uma garotinha encantadora.
Foi nessa data que senti algo muito forte me tocar, embora não soubesse ainda que o rumo da minha vida mudaria completamente dali para frente. Ao despedir-me da Marilda e da Juliana naquele 21 de abril, preparando-me para regressar a Nova Odessa, foi como se deixasse um pedaço de mim para trás. Mal cheguei na rodoviária e a saudade já apertava no peito, tornando aquela viagem muito angustiante.
Demorou ainda algumas semanas para entender o que se passava. Foi a Juliana, com a sua graça, beleza e inocência quem me aproximou da Marilda. E me fez sentir, de fato, pai quando, em outubro daquele ano me enchia de beijos e dizia: "Bai".
(Publicado originalmente no Facebook em 17/03/12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário