sábado, 16 de abril de 2016

A mesma praça

A fonte luminosa mantém sua magia
A mesma praça, o mesmo banco…

Não, não é a música. Era a rotina de todo domingo à noite. Vínhamos do sítio para a cidade no velho Candango DKV de meu pai e ficávamos na casa do tio Alvino e da tia Cleonice, bem em frente à praça Carlos Sampaio Filho. 

Eu era ainda bem pequeno, tinha três ou quatro anos, e preferia ficar na casa dos tios vendo TV, ouvindo a conversa de meu pai com seu irmão ou mesmo brincando na pequena varanda da frente.
Mas o programa invariavelmente era outro. Minha mãe me levava para sentar ao seu lado no mesmo banco da praça, bem em frente à fonte luminosa, de onde eu tinha mais ou menos a visão dessa foto.

Ali sentada ela ficava “vigiando” o passeio de minhas irmãs Ana e Maria que, como todas as moças, ficavam circulando a fonte em sentido anti-horário. Os moços iam no sentido contrário. Nada de “guerra” ou oposição dos sexos. A caminhada em sentidos contrários tinha uma simples razão: facilitar a troca de olhares, a piscadela, a paquera. 

E as mães, sempre sentadas nos bancos, controlavam o tempo gasto pelas moças em cada volta, acreditando que nada aconteceria enquanto as filhas estivessem fora do alcance de seus olhos.

E eu ficava ali, de castigo, contando os minutos para acabar aquele entediante passeio. O único consolo era a fonte luminosa com sua bela sinfonia de cores proporcionada pelas luzes multicoloridas que se alternavam a cada jorro de água.

Quando me cansava encostava a cabeça no colo de minha mãe e dali ficava observando a mágica sincronia dos movimentos da água em tons azuis, amarelos, vermelhos. Encantador.

Os bancos foram trocados, mas a praça continua a mesma. E a fonte luminosa? Ah, essa continua encantadora. Aliás, continua não, voltou a ser, pois ficou muito tempo desativada e foi recuperada e remodelada com as obras de revitalização da praça promovida nos últimos anos. Uma conquista de meu amigo prefeito Joao Luis dos Santos junto ao governo federal.

Pena que não exista mais ao seu redor aquele alegre movimento dos jovens que, mesmo sem perceber, executavam uma descontraída coreografia e tornavam completo o espetáculo das águas e das cores, nessa orquestra regida pela pulsação da vida. Retornar à praça é sempre especial. Sentar-se na fonte e ainda tendo a Marilda ao meu lado, é ainda melhor.

(Publicado originalmente no Facebook em 15/11/11)

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