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Meu pai, eu, o primo Zezinho e o tio Salvador |
De vez em quando passava no sítio um fotógrafo, que conhecíamos por Dedé, e tirava fotos da família toda. Mas não eram fotografias reveladas em papel, e sim em "binóculos". Aliás até hoje não entendo porque se chamavam binóculos, já que tinham apenas uma pequena lente pela qual, tapando um dos olhos, conseguíamos apreciar a foto. O nome correto devia ser monóculo.
Mas, como dizia no início, viagem era coisa rara, reservada para ocasiões especiais. Como essa aqui retratada, o batizado de meu primo Carlos Alberto Gallo. Meus pais foram os padrinhos e eu os acompanhei na viagem até São José do Rio Preto. Não me recordo da data precisa, mas imagino que foi entre 1974 e 1975, pois a "linda" camisa que estou usando é a mesma da minha primeira comunhão.
O Carlinhos é filho do Zezinho, um primo que sempre esteve muito presente na nossa vida, nos momentos alegres e nos tristes. Até hoje é assim. Pouco contato tive com seu pai, o meu tio Salvador Gallo, irmão mais velho de minha mãe. Esse dia é o primeiro que me lembro de tê-lo visto.
Da igreja, após o batizado, fomos para o almoço na casa do Zezinho. Programa simples, mas muito especial, pois só ocasiões assim nos permitiam sair do sítio e ver coisas diferentes.
Porém essa não foi a única nem a mais distante viagem da minha infância. Quando eu tinha cerca de 2 anos, fui a São Paulo com meus pais. Viajamos de trem. E me lembro que passava um homem vendendo jornais e revistas e anunciando a morte do Castelo.
Na minha inocente desinformação, ficava imaginado um castelo de conto de fadas sendo destruído. Só alguns anos depois fui saber que o jornaleiro anunciava a morte do general Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar, morto em acidente aéreo em 1967.
Quando chegamos a São Paulo fazia muito frio e acabei fazendo xixi na roupa, o que aumentou a sensação de frio. Meu pai saiu no meio da multidão procurando pelo meu tio Sebastião Gallo, que deveria estar nos esperando. Enquanto andava alguém o chamava insistentemente, mas ele apressou o passo e nem sequer olhava para trás, receoso de algum assalto. Era meu tio Sebastião que, finalmente, viera nos buscar com seu Gordini.
Passamos alguns dias em São Paulo, visitando meus avós e tios. Na casa do tio Sebastião me impressionava a quantidade de brinquedos do meu primo Anderson. Tinha um aviãozinho movido a corda que girava, girava, parava, abria a portinha e nela aparecia uma aeromoça. Não pude nem sequer tocar no brinquedo, pois o Anderson não deixava.
Também ficou guardado na minha memória a noite em que o tio nos levou à casa de minha avó, no Belenzinho. Conversando com meu pai, distraiu-se e passou sobre as enormes tartarugas que dividiam a avenida em duas pistas. Resultado: perdeu o escapamento do velho Gordini que, assim ficou ainda mais barulhento.
(Publicado originalmente no Facebook em 05/11/11)
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