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Família Martins. O começo. |
Além do nome, Joaquim Martins, pouco sei do meu avô paterno. Meu pai pouco falava de seus antepassados, talvez porque também não soubesse muita coisa.
Imigrante português, da província de Trás-os-Montes, meu avô chegou ao Brasil no início do século passado, junto com minha avó Antonia. Meu pai contava que deixaram uma filha em Portugal, condição imposta pelo meu bisavô para permitir a vinda do casal ao Brasil.
Como todo imigrante, deixavam a terra natal e vinham para cá para fazer fortuna, sempre com a esperança de retornar. Como a grande maioria dos imigrantes, nunca retornaram. Aqui constituíram a parte brasileira da família, com as dificuldades bastante características da época.
Passaram por Tabapuã, onde nasceu meu pai, e depois se fixaram em Penápolis.
Meu pai era ainda bem jovem quando faleceu meu avô e sendo o mais velho dos filhos homens, compartilhou com minha avó a tarefa de cuidar dos irmãos menores. Eram, ao todo, oito irmãos: Ana, Rosalina, Isabel, Maria, Lucinda, Tereza, Annibal, Alvino e José.
Minha avó tive o privilégio de conhecer. Portuguesa austera, de rígidos costumes, impunha respeito a todos com quem convivia. Sempre que chegávamos em sua casa, pedíamos a sua benção, beijando-lhe a mão. No primeiro dia do ano não admitia que a primeira visita fosse de uma mulher. Era sinal de mau agouro. Se acontecia, esbravejava e punha para correr a inoportuna visita. Mas se fosse homem, servia um copo de vinho, feliz pela boa sorte que o novo ano traria.
Viveu mais de 90 anos, sempre com muita lucidez e saúde. Só viu-se impedida de sair à rua para cuidar das compras nos últimos anos, quando a visão já não lhe ajudava muito. Foi, sem dúvida, uma guerreira.
(Publicado originalmente no Facebook em 10/11/11)
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