terça-feira, 12 de abril de 2016

Dimensões

É incrível como nossa percepção das coisas muda quando crescemos. Minha escola parecia tão grande quando ali estudei e, de repente, quando volto 30 anos depois é só uma salinha… A “enorme” escada que dava acesso à sala de aula agora não passa de um degrau…

E o pátio? Esse também diminuiu, mas por outras razões. A escola ficava no mesmo pátio da igreja, que incluía o “bar” das quermesses, o barracão de festas, barracas de alvenaria também usadas nas festas, o campo de bocha que tinha numa das pontas o “enorme” sino e o coreto. Agora a maior parte do espaço é ocupada por um amplo salão de festas.

Era nesse enorme pátio que brincávamos em nossos recreios. A brincadeira preferida dos meninos era “salva”, um tipo de pega-pega onde os que eram pegos iam para o pique (era sempre no coreto) e davam as mãos, formando uma fila, até que alguém mais rápido ou esperto viesse salvar, tocando na mão do último da fila. Aí recomeçava o pega-pega.

Mas como o pátio não tinha cerca nem muros, também não havia limites para as brincadeiras e aventuras. Valia atravessar o “túnel” formado pelos tubos, na entrada do sítio do seu Osório, ou tentar apanhar uma fruta no pomar do João Pedro. Sem contar as incursões pelas estradas, jogando bolinha de gude, que chamávamos de burquinha.

Na ida para casa, alguns que sabiam nadar se aventuravam num mergulho no açude que existia no sítio do Justino Cervigne. Eu só mergulhei uma vez, mas não foi no açude, pois tinha medo de água. Mergulhei numa “montanha” de palha de milho, próximo da casa do Antonio Salvieti, onde eu passava e parava todos os dias para fazer a lição de casa.

Nesse dia vimos a palha do milho, resultado da colheita mecanizada, e não resistimos. Acabei perdendo a noção do tempo e uma das minhas irmãs veio me encontrar. Quando cheguei em casa, mal coloquei os pés no quintal e minha mãe já me esperava com uma varinha. Imaginem só o resultado.

Na escola sempre ficávamos alvoroçados quando vinha o dentista, que se chamava Máximo e atendia na carroceria de um caminhão baú adaptada em consultório odontológico. O caminhão estacionava no pátio, próximo ao campo de bocha, e todos os dias seu Máximo vinha à escola chamar os alunos para examinar os dentes.

Era o máximo. Alguns pulavam a enorme janela de madeira. E me lembro de uma colega, se não me engano a Vilma, filha do seu Marciano e irmã da Vânia Brito Santino, que ao ser chamada acabou fazendo xixi na roupa, de tanto medo do dentista. Também me lembro do dia em que ela teimou em ler a lição da Nha Maria na Cartilha Caminho Suave, embora ainda não estivesse tão adiantada. A professora topou e a chamou na frente para ler. Então tudo o que vimos foi seu largo e encabulado sorriso.

Além da Vilma só consigo me lembrar do João Marcelino, que estudou comigo desde o 1º ano e com quem, mais tarde, fiz junto o Tiro de Guerra. Tinha também o filho caçula do Oscarzinho, mas não lembro o nome. E a Roseli, minha primeira paquerinha.

(Publicado originalmente no Facebook em 28/10/11)

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