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Meu pai, arando a terra para a semeadura |
Assim foi a vida de meu pai, Annibal Martins. Homem simples, nunca frequentou os bancos escolares, mas era dotado de grande sabedoria adquirida na escola da vida.
Turrão, assim como eu, defendia até o fim suas idéias e convicções. Mas tinha a humildade de ouvir a opinião dos filhos antes de tomar decisões importantes.
Foi assim que o conheci: arando a terra, trabalhando duro para garantir o sustento da família. Essa é das primeiras recordações que tenho dele, no sítio do tio Alvino, no bairro Lagoa da Mata.
Eu tinha cerca de 3 anos e adorava vê-lo chegar da roça no final da tarde. Exausto, sentava-se na porta da sala, enrolava um cigarro de palha e eu ficava ali, ao seu lado. Após a janta, deitava-se no sofá e eu me acomodava entre suas pernas até dormir.
Suas virtudes (e também seus defeitos) ajudaram a moldar minha personalidade, meu caráter. Quando lhe diziam que eu era parecido com ele, na fisionomia e no modo de ser, cheio de orgulho afirmava: "então é um grande homem!". Revelava aí a consciência de seu papel como pai, esposo, chefe de família, cidadão.
Como todo lavrador, era paciente e persistente. Pacientemente esperava a hora certa de plantar, esperava que o tempo, sol e chuva na medida certa, favorecesse a plantação. E quando a colheita não era como esperava (quase todo ano era assim), com persistência recomeçava o trabalho.
Saí da roça aos 10 anos. Mas aprendi com meu pai a semear, com paciência aguardar a colheita e a persistir na semeadura quando os frutos tardam a surgir.
Hoje estou empenhado em semear a paz. Tão ou mais difícil que semear os grãos. Também exige preparar o terreno, adubar, tirar as ervas daninhas. O arado, a enxada e o esterco são outros: o diálogo, a tolerância, o sorriso, a busca de consensos, o respeito às diferenças...
As intempéries já me levaram muitas colheitas. Mas espero persistir até o fim, como meu pai me ensinou e viveu.
(Publicado originalmente no Facebook em 20/10/11)
Foi assim que o conheci: arando a terra, trabalhando duro para garantir o sustento da família. Essa é das primeiras recordações que tenho dele, no sítio do tio Alvino, no bairro Lagoa da Mata.
Eu tinha cerca de 3 anos e adorava vê-lo chegar da roça no final da tarde. Exausto, sentava-se na porta da sala, enrolava um cigarro de palha e eu ficava ali, ao seu lado. Após a janta, deitava-se no sofá e eu me acomodava entre suas pernas até dormir.
Suas virtudes (e também seus defeitos) ajudaram a moldar minha personalidade, meu caráter. Quando lhe diziam que eu era parecido com ele, na fisionomia e no modo de ser, cheio de orgulho afirmava: "então é um grande homem!". Revelava aí a consciência de seu papel como pai, esposo, chefe de família, cidadão.
Como todo lavrador, era paciente e persistente. Pacientemente esperava a hora certa de plantar, esperava que o tempo, sol e chuva na medida certa, favorecesse a plantação. E quando a colheita não era como esperava (quase todo ano era assim), com persistência recomeçava o trabalho.
Saí da roça aos 10 anos. Mas aprendi com meu pai a semear, com paciência aguardar a colheita e a persistir na semeadura quando os frutos tardam a surgir.
Hoje estou empenhado em semear a paz. Tão ou mais difícil que semear os grãos. Também exige preparar o terreno, adubar, tirar as ervas daninhas. O arado, a enxada e o esterco são outros: o diálogo, a tolerância, o sorriso, a busca de consensos, o respeito às diferenças...
As intempéries já me levaram muitas colheitas. Mas espero persistir até o fim, como meu pai me ensinou e viveu.
(Publicado originalmente no Facebook em 20/10/11)
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