Era uma escola diferente. Pobre, com clientela também pobre, mas o prédio estava no centro de um enorme terreno.
Na frente um grande jardim, onde hoje está localizada a quadra. Era o local preferido para nossas brincadeiras de esconde-esconde ou salva, antes das aulas de Educação Física, que aconteciam à noite. Ficava tudo escuro e, assim, era mais difícil ser encontrado ou pego.
Não tínhamos quadra, apenas uma pequena área cimentada onde aconteciam as aulas de Educação Física. Mas foi ali, nessa precariedade, que tomei gosto pela atividade física. Até então tinha verdadeiro horror e só não reprovava por faltas porque era ótimo alunos nas demais matérias.
Foi o professor Jesus, jogador do CAP, quem despertou o interesse e me incentivou a participar das aulas. Porque foi sempre muito respeitoso, entendia e aceitava as potencialidades e as limitações de cada um e, ao invés de cobrar resultados, se dedicava a ensinar os fundamentos dos esportes. Foi, sem dúvida, meu melhor professor de Educação Física.
Recentemente me disseram que está lecionando numa Universidade nos Estados Unidos. Também me lembro do professor Demeure, de Português, que exigia conjugação dos verbos em todos os tempos e modos e aplicava testes surpresa de ortografia.
Mas não era só de gramática que se ocupava. Demeure incentivava bastante a leitura e ofertava os livros para os alunos. Na oitava série li 14 livros que ele me emprestou ao longo do ano, dentre eles Senhora, A Mão e a Luva, dom Casmurro, Quincas Borba, O Menino do Dedo Verde e A Ilha Perdida.
Nessa época, cada aluno levava todos os dias um legume para a sopa. E acontecia o milagre da partilha: uma batata de um, uma cebola de outro, uma mandioquinha de um terceiro... e todos saciavam a fome na hora do recreio. Tinha um sabor especial.
As aulas de Artes Industriais também era legais. O professor era o Adail Valin, que tinha uma loja de discos na antiga rodoviária de Penápolis. Fazíamos trabalhos manuais com madeira e couro dentre outros materiais. Depois de pronto, o trabalho era decorado com desenhos feitos com um pirógrafo. Fiz uma carteira de couro, um estojo de madeira, uma bandeija de azulejos...
A maior surpresa que tive na Casa da Amizade foi quando a diretora, a Tereza japonesa, mandou me chamar em casa, na parte da manhã. Fiquei preocupado, pensando tratar-se de alguma reprimenda ou algum problema e fui imediatamente para a escola, do jeito que estava, de short e chinelos.
Quando entrei na escola, o pátio interno estava todo arrumado e um cerimonial em andamento. Fui chamado à frente e recebi, como prêmio por ser um aluno destaque, uma caderneta de poupança no valor de 500 cruzeiros, oferecida pela Caixa Econômica Estadual. Fiquei radiante de alegria.
Retornei à Casa da Amizade em 1982, já como estudante de Pedagogia, para cumprir meus estágios de administração escolar. A equipe gestora e docente permanecia a mesma e todos se mostraram felizes por ter um ex-aluno estagiando na escola.
(Publicado originalmente no Facebook em 14/12/11)
Nessa época, cada aluno levava todos os dias um legume para a sopa. E acontecia o milagre da partilha: uma batata de um, uma cebola de outro, uma mandioquinha de um terceiro... e todos saciavam a fome na hora do recreio. Tinha um sabor especial.
As aulas de Artes Industriais também era legais. O professor era o Adail Valin, que tinha uma loja de discos na antiga rodoviária de Penápolis. Fazíamos trabalhos manuais com madeira e couro dentre outros materiais. Depois de pronto, o trabalho era decorado com desenhos feitos com um pirógrafo. Fiz uma carteira de couro, um estojo de madeira, uma bandeija de azulejos...
A maior surpresa que tive na Casa da Amizade foi quando a diretora, a Tereza japonesa, mandou me chamar em casa, na parte da manhã. Fiquei preocupado, pensando tratar-se de alguma reprimenda ou algum problema e fui imediatamente para a escola, do jeito que estava, de short e chinelos.
Quando entrei na escola, o pátio interno estava todo arrumado e um cerimonial em andamento. Fui chamado à frente e recebi, como prêmio por ser um aluno destaque, uma caderneta de poupança no valor de 500 cruzeiros, oferecida pela Caixa Econômica Estadual. Fiquei radiante de alegria.
Retornei à Casa da Amizade em 1982, já como estudante de Pedagogia, para cumprir meus estágios de administração escolar. A equipe gestora e docente permanecia a mesma e todos se mostraram felizes por ter um ex-aluno estagiando na escola.
(Publicado originalmente no Facebook em 14/12/11)
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