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Freis capuchinhos na primeira casa de Penápolis. |
A história de cada penapolense também tem influência direta dos frades. Me recordo da presença de vários deles em minha infância: Frei Afonso de Louveira, que me metia medo com sua cara amarrada; Frei Fernando, que tinha um programa de variedades no rádio e que nos visitou certa vez no bairro Lagoa da Mata, atendendo ao pedido de um carta enviada por uma das minhas irmãs; frei José Vaz de Melo, penapolense filho do pioneiro Altino Vaz de Melo, irmão da poetisa Carmita de Melo Ahmad, e que era responsável pela gráfica do santuário e pela montagem do presépio em todos os natais; frei Silvério de Piracicaba (Marcelino Correr), que me batizou, me deu a primeira comunhão e depois se tornou bispo de Carolina/MA; frei Teófilo Tomazella, irmão de frei Irineu e primo dos freis Agostinho e Fulgêncio, que inspirava receio em muitos adultos mas tratava as crianças com muita ternura, especialmente na hora da confissão; frei Epifânio Menegazzo com sua inconfundível e longa barba branca, alva como algodão; Frei Rufino das Neves, outro penapolense, irmão do Tarcísio Gabriel das Neves (Livraria Católica).
Todos, de uma forma ou de outra, contribuíram para minha formação humana e cristã. Em 1978, quando estava na 8ª série, na Casa da Amizade, apareceu por lá um padre orionita, de Guararapes, fazendo promoção vocacional. A forma como se apresentou me sensibilizou e acabei dizendo ali que queria ser padre.
Talvez fosse apenas um desejo inconsciente de satisfazer um sonho não realizado de minha mãe, que não conseguiu ser freira como gostaria meu avô Conrado e que alimentou o desejo de ter um filho padre.
O fato é que dias depois esse mesmo padre, de quem já não recordo o nome, apareceu em casa para falar com meus pais, querendo levar-me para o seminário. Minha mãe ficou radiante de alegria, mas preferia ver-me frade capuchinho. E, então, levou-me para falar com o frei Cirilo Bergamasco (na foto em frente à primeira casa de Penápolis, é o último à direita), que era o pároco do Santuário São Francisco de Assis naquela época.
Foi ele quem me levou ao Seminário Santo Antonio, em Birigui, para participar do primeiro de uma série de encontros vocacionais. Por sinal, foi ali que conheci meu amigo Xavier, na época seminarista capuchinho.
Frei Cirilo me lembra a história do flautista de Hamelin. Ele não tocava flauta nem espantava ratos da cidade, mas andava sempre rodeado por dezenas de crianças, que tinham verdadeira adoração por ele. O carinho das crianças apenas evidenciava o reconhecimento da comunidade católica a um frei que renovou e deu novo ânimo e vigor à igreja na cidade.
Deixou Penápolis em janeiro de 1981 para trabalhar em Votuporanga, entristecendo toda a cidade. Mas a tristeza seria ainda maior pouco mais de um mês depois, quando faleceu num trágico acidente de automóvel causando grande comoção em todos os penapolenses, católicos ou não.
(Publicado originalmente no Facebook em 18/12/11)
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