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Palacete dos Sabino |
Meu pai até que ofereceu, mas ecoava forte a recomendação de minha mãe de nunca aceitar nada na primeira vez que nos oferecessem. Era falta de educação. Criança educada recusava e só aceitava se insistissem em oferecer algo para comer. Como meu pai ofereceu apenas uma vez, fiquei sem o doce.
O resultado foi uma baita febre no meio da noite que obrigou meus pais a saírem do sítio de madrugada para me levarem ao médico. Pelo que consigo me lembrar, foi minha única visita ao médico em toda a infância.
Dr. Mário Sabino nos atendeu de pijama, na escadaria da mansão da família, exatamente nessa porta em que apareço na foto. Magro, alto, olhar sério... Me examinou e perguntou aos meus pais: "esse menino passou vontade de alguma coisa?" Assim, rápido e sem recurso a nenhum exame sofisticado, veio o diagnóstico. A febre era resultado de um desejo não atendido. E no lugar dos remédios, os doces da quitanda de minha tia Rosa.
Dr. Mário Sabino não mereceu a confiança de meus pais apenas no exercício de sua profissão. Sua disponibilidade e desprendimento conquistou também o voto dos dois, na sua eleição para vereador em 1972.
Com o tempo aprendi que certo mesmo era meu irmão Camilo. Ele também seguia à risca a recomendação de minha mãe, mas com uma sutil diferença. Quando lhe ofereciam algo, estendia a mão, aceitando de imediato, enquanto dizia: "não precisa, não!"
(Publicado originalmente no Facebook em 10/12/11)
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